cinema de imersão, que promete jogar o espectador no meio do filme com captação de imagens em 360 graus, é a aposta do Curta Brasília para atrair os cinéfilos aficionados em tecnologia. Em cartaz no Cine Brasília a partir desta quinta (15), o festival internacional exibe a primeira mostra brasileira dedicada à nova experiência em realidade virtual no cinema, com produções estrangeiras e uma que foi inteiramente filmada na cidade.
Em “Psicose”, de Alfred Hitchcock, a secretária Marion Crane toma banho e não vê a sombra que se aproxima empunhando uma faca. A cortina do box é afastada e a personagem grita enquanto é esfaqueada em uma das cenas mais clássicas do cinema. O espectador não vê quem a matou. Mas, se o filme tivesse sido feito em 360 graus, bastaria ele se virar para conhecer a identidade do assassino.
“É como ser teletransportado, uma experiência tremenda em que você faz parte da cena”, disse o cineasta brasiliense Filipe Gontijo, co-diretor do filme “Amizade”, que integra a mostra. O curta posiciona o espectador numa roda de pique-nique entre amigas. Assim como é possível dar as costas para o grupo na vida real, no cinema de imersão você pode “girar a câmera” para ver o que está acontecendo além da cena principal.
Toda a ação foi registrada com seis câmeras GoPro instaladas em um tripé especial que cria uma “esfera” de imagens sem pontos cegos. O suporte das máquinas foi feito por uma equipe de publicitários da cidade para uma campanha que acabou sendo rejeitada pelo cliente. Além de “Amizade”, o grupo produziu mais um filme para o projeto Brasília 360, que foi registrado pelo G1.
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Bastidores do filme em 360 graus “Amizade”, de Felipe Gontijo (Foto: Me Gusta Filmes/Reprodução)
Imersão virtual
As produções brasilienses em 360 graus estão no YouTube, inclusive a que foi selecionada para integrar a mostra. No computador, dá para se ter, com o mouse, uma ideia do que pretende a inovação. No festival, os filmes serão exibidos com óculos de realidade virtual, equipamento foco de investimento de grandes empresas de tecnologia como a Google que amplia a experiência.
Ao suporte é acoplado a um smartphone, que cria um “cinema portátil” ao isolar a luz externa. A tecnologia substitui os movimentos no mouse pelo giro de pescoço. Os equipamentos – 10 no total – ficarão disponíveis em um espaço no foyer do Cine Brasília com cadeiras giratórias para permitir maior interação. As sessões vão ocorrer a cada 30 minutos.
“É absurdamente diferente você ver um filme 360 graus com os óculos. A sensação é de estar de fato dentro da cena, com nível absoluto de imersão. A possibilidade que isso cria para contar histórias no cinema é infinita”, declarou Gontijo. Ele continua em incursões para experimentar a novidade e espera que, no futuro, filmes como “Psicose” possam também ganhar novas perspectivas.
Em cartaz
A mostra de realidade virtual Curta Brasília inclui um documentário sobre o rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais. Entre os estrangeiros, “Jetlag”, coprodução entre França e Estados Unidos, narra o romance entre uma brasileira e uma indiana. O filme participou da seleção especial Cannes Next no Festival de Cannes deste ano e ganhou o prêmio de melhor filme de realidade virtual no Festival Kaleidoscope.
O festival tem duas mostras competitivas, uma de videoclipes e outra com curtas-metragens brasileiros. Os vencedores serão escolhidos por um júri oficial e pelo voto popular e concorrem a mais de R$ 20 mil em prêmios. Esta é quinta edição do evento, que tem entrada gratuita. A cineasta Anna Muylaert é a homenageada deste ano.
Serviço
Espaço Curta Brasília de Realidade Virtual
Onde: No Foyer do Cine Brasília, na 107 Sul
Quando: 15/12 (quinta-feira), das 19h às 22h (para convidados),16, 17 e 18/12 (sexta a domingo), das 17h às 22h (sessões a cada meia hora)
Filmes: Amizade (BRA, 2015), direção de Filipe Gontijo e Henrique Siqueira, 4min. O cabelo da menina (BRA, 2016), direção de ACACA/Africa, 2min. Vibrations (FRA/EUA 2016), direção de Pierre Friquet, 13min. The Dolphin Swim Club (HOL, 2015), direção de Marjke Sjollema, 2min. Jetlag (FRA/EUA 2016), direção de Pierre Friquet, 9 min. Aerial (HOL 2016), direção de Harry Koelma. The invisible man (HOL 2016), dieção de Hugo Keijzer, 10min.