
O enredo é clássico: pintor se torna reconhecido e apreciado somente após a morte. História de vida de 90 de cada 100 pintores que estudamos ou com quem esbarramos. No caso do espetáculo, além de pintor, o artista em questão era também um pai de família (no referido barco, mãe e três filhos remam e divagam sobre o patriarca). E, pelo que consta, não estamos falando propriamente da morte, mas do desaparecimento do sujeito.
O desafio, portanto, é transgredir o enredo e envolver o espectador com os desdobramentos dramatúrgicos. Uma série de questões perpassam o espetáculo a partir do sumiço do pintor. Algumas mais objetivas, como o valor da arte, outras mais subjetivas, como a densidade das relações entre pai e filhos. Tratando-se do Armazém, convidativo imaginar que a peça vale mais que o barco.
Saiba mais
O Armazém ganhou notoriedade nacional por conta das pesquisas em torno do ator, da dramaturgia original e das inovações em cena. Formada no Paraná, mas com sede no Rio de Janeiro, a companhia se tornou referência em teatro de grupo nas últimas três décadas.
SERVIÇO
Inútil a chuva
Do Armazém Companhia de Teatro. Direção de Paulo de Moraes. Dramaturgia de Paulo de Moraes e Jopa Moraes. Com Patrícia Selonk, Andressa Lameu, Leonardo Hinckel, Tomás Braune, Marcos Martins e Lisa Eiras. No CCBB (SCES, Trecho 2). Hoje e amanhã, às 21h. Domingo, às 19h. Ingressos a R$ 10 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 12 anos.